Evento realizado em parceria pelos grupos de astronomia acolhe cerca de 500 pessoas para apreciar a Lua através de telescópios, em dia único no céu da região
No último dia 31 de janeiro, a Zona Norte de Sorocaba/SP foi o ponto de encontro de dezenas de sorocabanos e moradores da região para o evento de Observação da Superlua Azul. Das 20:00hs às 23:45hs da noite, os integrantes do Clube de Astronomia Centauri de Itapetininga e do Projeto Viajantes Cósmicos recepcionaram no Parque das Águas aproximadamente 500 pessoas com 6 telescópios, que se encantaram ao ver o nosso satélite natural no céu com aspecto maior e luminosidade mais intensa.
Inicialmente, a observação – que contou com exposição de astrofotografias e venda de artigos – se encerraria às 22:30hs, mas dada a expressiva demanda, o horário precisou ser estendido. Muitos estudantes, casais e famílias prestigiaram, os quais ressaltaram que este tipo de iniciativa voltada à divulgação da astronomia deveria ser mais frequente. A engenheira ambiental Elis Latri, 26, confirma este sentimento: “não pensei duas vezes para participar, pois nunca havia feito observação por telescópio. Enfrentei filas, esclareci dúvidas e fiz questão de observar a Lua através das lentes de cada telescópio disponível”, comenta.
O fundador do Viajantes Cósmicos, Scott Martins, 25, pontuou que o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de centenas de pessoas se reunirem para ver o corpo celeste, tentando conhecer um pouco mais do cosmos e do nosso lugar no universo. Já o presidente do Clube Centauri, Rodrigo Raffa, 24, destacou a atuação em conjunto dos grupos de astronomia pela primeira vez, o que permitiu o atendimento a um grande número de interessados.
Em Sorocaba e na maior parte da América Latina, África e Europa Ocidental, tanto pelo fuso horário quanto pela órbita terrestre, foi possível conferir no céu somente a Superlua e a Lua Azul. Já na costa oeste da América do Norte, Ásia e Oceania, deu para presenciar também um Eclipse Lunar e uma Lua de Sangue. A última vez que aconteceu um eclipse total de “Superlua Azul de Sangue” foi em março de 1866, no Hemisfério Norte, há mais de 150 anos, e a próxima vez será em 31 de janeiro de 2037, daqui a 19 anos. Entenda a seguir cada um dos fenômenos astronômicos.
Superlua
Cunhado em 1979 pelo astrólogo Richard Nolle, o termo “Superlua” indica o momento em que a Lua na fase Cheia encontra-se em seu perigeu, isto é, o ponto de sua órbita elíptica que é mais próximo da Terra, daí a explicação para aparentar um tamanho superior (variação de 10 a 15%) e brilho acima do normal (variação de até 30 %), comparativamente ao apogeu, o ponto em que está mais distante do nosso planeta. É popularmente associada à incidência de desastres naturais, como terremotos, vulcões e tempestades. A Superlua de 31 de janeiro constituiu-se a terceira de uma “trilogia de superluas”, acontecendo as duas anteriores nas datas de 3 de dezembro de 2017 e 1° de janeiro de 2018, respectivamente.
Lua Azul
“Lua Azul”, por sua vez, é o nome que se dá atualmente a segunda Lua Cheia que aparece no céu em um mesmo mês, algo que é relativamente raro – ocorre em média a cada 2,7 anos -, já que o intervalo de tempo entre duas fases iguais e consecutivas da Lua (lunação) é de 29,5 dias, à exceção de fevereiro. O adjetivo remonta ao folclore, que afirma que a segunda Lua Cheia não é a mais importante e, por conta disso, ficaria triste, sentimento que em inglês é associado à cor azul. Em casos excepcionais, o satélite pode realmente apresentar-se na cor azul visto da Terra, em caso de fumaça ou partículas em suspensão na atmosfera. No dia 1° de janeiro houve a primeira Lua Cheia, quando também ocorreu uma Superlua. Ambos os fenômenos – Superlua e Lua Azul – não ocorrem em um mesmo dia desde 1982, há 36 anos.
A Lua ascendeu ao céu límpido rapidamente, conquistando muitos olhares do público quando despontou na linha do horizonte. Foto capturada por Ricardo Raffa, membro do Clube Centauri.