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Ondas gravitacionais revelam a fusão de buracos negros mais massiva já detectada, acima dos limites dos modelos atuais!

“Buracos negros tão massivos assim não entram nas previsões dos modelos padrão de evolução estelar.”


Notícias

Por Robert Lea

Traduzido por Marco Centurion


Dois buracos negros em rota de colisão (Crédito da imagem: Robert Lea. Criado com Canva)
Dois buracos negros em rota de colisão (Crédito da imagem: Robert Lea. Criado com Canva)

Cientistas detectaram a fusão mais massiva de buracos negros já registrada. Essa poderosa colisão, “ouvida” como oscilações no espaço-tempo chamadas ondas gravitacionais, envolve buracos negros tão grandes que pode desafiar os modelos atuais do universo.


A fusão foi detectada pela rede de detectores de ondas gravitacionais LIGO-Virgo-KAGRA (LVK) em 23 de novembro de 2023, durante a quarta campanha de observação desses três sensíveis interferômetros a laser localizados nos EUA, Itália e Japão.


O evento de fusão, que fez o espaço-tempo “ressoar” com esse sinal de onda gravitacional, foi denominado como GW231123 e envolveu buracos negros progenitores com massas de 100 e 140 vezes a do Sol. Quando esses dois se fundiram, criaram um buraco negro “filho” com 225 vezes a massa do nosso Sol, sendo que a massa remanescente foi convertida em energia, impulsionando ondas gravitacionais que se espalharam a partir do violento evento.


Antes do GW231123, o buraco negro mais massivo criado em uma fusão e detectado por ondas gravitacionais tinha uma massa de 140 vezes a do Sol. Esse foi registrado em 2021 como o sinal GW190521.


“Este é o sistema binário de buracos negros mais massivo que já observamos por meio de ondas gravitacionais, e ele representa um verdadeiro desafio para o nosso entendimento da formação de buracos negros. Buracos negros tão massivos são proibidos pelos modelos padrão de evolução estelar. Uma possibilidade é que os dois buracos negros desse sistema binário tenham se formado por fusões anteriores de buracos negros menores.”

disse em um comunicado Mark Hannam, pesquisador da colaboração LVK e da Universidade de Cardiff.


As massas monstruosas desses buracos negros não são as únicas coisas que tornam GW231123 tão interessante. O sinal também parece indicar que, antes da fusão, pelo menos um dos buracos negros progenitores estava rodopiando muito rapidamente, talvez beirando o quanto as leis da física permitem.


“Os buracos negros parecem estar girando muito rapidamente, próximos ao limite permitido pela teoria da relatividade geral de Einstein. Isso torna o sinal difícil de modelar e interpretar. É um excelente estudo de caso para impulsionar o desenvolvimento de nossas ferramentas teóricas.”

disse Charlie Hoy, membro da LVK e pesquisador da Universidade de Portsmouth.



Mais um recorde para o LVK


O Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferometria a Laser (LIGO) não é estranho a fazer história e quebrar recordes. Em 2015, seus detectores gêmeos, localizados em Livingston, Louisiana, e Hanford, Washington, fizeram a primeira detecção de ondas gravitacionais da história. Essa detecção ocorreu exatamente um século depois de Einstein ter previsto a existência de ondas gravitacionais em sua teoria da gravidade de 1915, a relatividade geral.


O sinal, que ficou conhecido como GW150914, foi resultado da fusão de buracos negros que criou um buraco negro filho com uma massa cerca de 62 vezes a do Sol.


Concepção artística que mostra a criação de ondas gravitacionais a partir de dois buracos negros orbitando um ao outro como ondulações no espaço-tempo. (Crédito da imagem: NASA)
Concepção artística que mostra a criação de ondas gravitacionais a partir de dois buracos negros orbitando um ao outro como ondulações no espaço-tempo. (Crédito da imagem: NASA)

Desde 2015, o LIGO foi sincronizado com os detectores de ondas gravitacionais Virgo e o Detector de Ondas Gravitacionais Kamioka (KAGRA). Essa colaboração resultante já detectou mais de 300 fusões de buracos negros.


Mais de 200 dessas detecções ocorreram durante a quarta campanha de operação desses instrumentos. Por mais impressionante que isso seja, a alta massa e a rotação rápida dos buracos negros que colidiram para criar GW231123 elevaram os limites da tecnologia de detecção de ondas gravitacionais e talvez também os limites dos modelos teóricos atuais.


“Este evento leva nossa instrumentação e nossas capacidades de análise de dados ao limite do que é atualmente possível. É um exemplo poderoso de quanto podemos aprender com a astronomia de ondas gravitacionais, e de quanto ainda há para descobrir.”

disse Sophie Bini, membro da LVK e pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).


Desvendar completamente os segredos desse sinal e de outros que a LVK detectou até o final de sua quarta campanha de operação, em janeiro de 2024, exigirá o refinamento dos métodos de análise e interpretação.


“Levará anos para a comunidade decifrar completamente esse padrão de sinal intrincado e todas as suas implicações. Apesar de a explicação mais provável continuar sendo uma fusão de buracos negros, cenários mais complexos podem ser a chave para decifrar suas características inesperadas."

disse Gregorio Carullo, membro da equipe LVK e pesquisador da Universidade de Birmingham.


“Tempos emocionantes pela frente!”




Artigo encontrado no site da agência de divulgação científica estadunidense Space.com  (originalmente publicado em 14/07/2025)

 
 
 

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