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Poeira do lado oculto da lua pode revelar mais sobre a origem da água em nosso sistema solar.

A poeira trazida à Terra pela missão chinesa Chang'e-6 contém relíquias raras de meteoritos que poderiam mudar nossa compreensão sobre as fontes de água e outros ingredientes essenciais para a vida em nosso sistema solar.


Por Paul Arnold, Phys.org.

Editado por Gaby Clark, revisado por Robert Egan

Traduzido por Marco Centurion


Imagens representativas de elétrons retroespalhados dos clastos olivina-porfiríticos nas amostras lunares CE-6. (Créditos da imgem: Proceedings of the National Academy of Sciences (2025). DOI: 10.1073/pnas.2501614122)
Imagens representativas de elétrons retroespalhados dos clastos olivina-porfiríticos nas amostras lunares CE-6. (Créditos da imgem: Proceedings of the National Academy of Sciences (2025). DOI: 10.1073/pnas.2501614122)

Em junho de 2024, a Chang'e-6 retornou com as primeiras amostras já coletadas do lado distante da lua, o hemisfério que fica permanentemente de costas para o nosso planeta. Uma análise recente desses materiais lunares, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e que pode ser lido na íntegra aqui, revela que asteroides ricos em água, anteriormente considerados raros, podem ter contribuído com muito mais material para a Terra e a Lua primitivas do que se pensava.


Embora tenhamos aprendido muito sobre a história do sistema solar a partir de rochas espaciais que caíram na Terra, ainda há um problema. A atmosfera atua como um escudo e queima os meteoritos mais frágeis e ricos em água, portanto, devido a isso, o nosso entendimento é ainda incompleto. A lua, no entanto, tem uma atmosfera muito rarefeita e, por isso, consegue preservar impactos passados.


Os pesquisadores peneiraram dois gramas de poeira lunar em busca de fragmentos de condritos carbonáceos (condritos CI) porque sabe-se que eles são repletos de ingredientes essenciais para a vida, incluindo água e compostos orgânicos. Esses tipos de meteoritos são extremamente frágeis e raramente sobrevivem à atmosfera ou ao impacto na Terra. Eles também são considerados raros na lua, mas os cientistas encontraram sete relíquias microscópicas nas amostras da Chang'e-6.


  • Condritos são um tipo de meteorito rochoso primitivo, caracterizado pela presença de pequenas esferas de minerais chamadas côndrulos. Por não terem sido fundidos ou diferenciados internamente, eles guardam informações valiosas sobre a formação do Sistema Solar. Os condritos são a maioria dos meteoritos encontrados na Terra e se dividem em diferentes tipos, como condritos ordinários (H, L, LL), condritos enstatitos (E) e condritos carbonáceos (CI, CM, CV, entre outros). 


Eles confirmaram isso medindo primeiro as proporções de metais como ferro, manganês e zinco nos fragmentos, o que lhes disse que eles eram diferentes de qualquer outra rocha na lua. A análise da textura e da estrutura mostrou que os fragmentos se formaram quando uma rocha grande derreteu ao colidir com a superfície lunar. Por fim, os pesquisadores usaram um instrumento sofisticado chamado SIMS (Espectrômetro de Massa de Íons Secundários) para medir a assinatura de isótopos triplos de oxigênio dos fragmentos. Sua impressão digital química correspondeu à dos condritos carbonáceos similares aos CI.


"A identificação de materiais similares aos CI neste estudo nos permite reavaliar as proporções de condritos no sistema Terra-Lua, dados os vieses de coleta de condritos da Terra"

escrevem os pesquisadores em seu artigo.


O trabalho da equipe prova que a coleção de meteoritos da Terra é fortemente tendenciosa e não reflete a verdadeira mistura de rochas espaciais que atingiram o sistema solar interno (Terra e Lua). Como a lua preservou esses fragmentos, isso sugere que mais asteroides ricos em voláteis e contendo água atingiram nosso planeta e nosso vizinho mais próximo do que se estimava anteriormente.


"Nossas descobertas estabelecem os condritos similares aos CI como um reservatório chave de material exógeno entregue à superfície lunar"

concluem os autores.



Artigo encontrado no site da agência de divulgação científica estadunidense Phys.org  (originalmente publicado em 21/10/2025)


 
 
 

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