Observe o Escorpião
- Rodrigo Raffa
- 21 de jun.
- 3 min de leitura
Por: Kat Troche
Traduzido por: Rodrigo Raffa
À medida que o inverno se aprofunda no Hemisfério Sul, uma constelação familiar surge junto com o núcleo galáctico da Via Láctea todas as noites: Escorpião. Uma das doze constelações zodiacais, Escorpião contém muitos objetos notáveis, tornando-se um verdadeiro deleite para os observadores durante os meses mais quentes. Aqui estão alguns objetos para observar em julho:

Antares: conhecida como “o coração do escorpião”, essa supergigante possui um tom avermelhado bem distinto e é visível a olho nu. Se você tiver céus limpos, tente separar esse sistema binário com um telescópio de médio porte. Antares é uma estrela dupla, com uma companheira da sequência principal, de coloração branca, com magnitude 5,4.
O nome Antares vem do grego “Anti-Ares”, que significa “rival de Marte”, uma referência à sua coloração avermelhada e ao brilho intenso que a fazem se assemelhar ao planeta vermelho no céu. Na antiguidade, Antares era considerada uma das quatro estrelas guardiãs do céu, segundo os persas por volta de 3000 a.C.
Messier 4 (M4): um dos aglomerados globulares mais fáceis de encontrar, M4 é o aglomerado mais próximo da Terra, a 5.500 anos-luz. Com uma magnitude de aproximadamente 5,6, pode ser observado com um telescópio pequeno ou médio em céus medianos. Céus mais escuros revelam o seu núcleo brilhante. Use Antares como estrela-guia para esse pequeno passeio pelo céu.
Caldwell 76 (C76): Se você prefere aglomerados abertos, localize C76, também conhecido como Aglomerado do Escorpiãozinho, bem onde o “ferrão” do Escorpião começa a se curvar. Com uma magnitude de 2,6, é um pouco mais brilhante que M4, embora menor, e pode ser visto com binóculos ou até a olho nu em boas condições de observação.
Tanto Messier quanto Caldwell são catálogos astronômicos que reúnem objetos de céu profundo, como nebulosas, aglomerados estelares e galáxias. O Catálogo Messier foi elaborado no século XVIII pelo astrônomo francês Charles Messier, que buscava listar objetos difusos que poderiam ser confundidos com cometas — seu verdadeiro interesse na época. Por isso, o catálogo Messier reúne 110 dos objetos mais brilhantes e fáceis de serem observados no céu do hemisfério norte, sendo até hoje um guia indispensável para astrônomos amadores.
Já o Catálogo Caldwell é muito mais recente, criado em 1995 pelo astrônomo britânico Patrick Caldwell-Moore. Ele surgiu como uma proposta complementar ao catálogo Messier, incluindo 109 objetos igualmente impressionantes, mas que não estavam na lista original de Messier, muitos deles visíveis principalmente no hemisfério sul. Assim, enquanto o Messier reflete uma seleção mais limitada geograficamente, o Caldwell busca ser uma lista mais abrangente para observadores de todo o mundo.

Por fim, se você tem um equipamento de astrofotografia, tente capturar a Nebulosa da Pata do Gato, que fica próxima ao ferrão do Escorpião. Também é possível fotografar o complexo de nuvens Rho Ophiuchi, na constelação vizinha Ofiúco. A brilhante Antares pode ser encontrada bem no centro dessa maravilhosa estrutura.
Manaiakalani
Embora muitas culturas contem histórias de um “escorpião” no céu, várias culturas polinésias veem essas mesmas estrelas como o anzol do semideus Māui, chamado Manaiakalani. Diz-se que Māui não usava seu anzol apenas para pescar peixes gigantes no mar, mas também para puxar novas ilhas do fundo do oceano. Existem muitas referências que associam a Via Láctea a um peixe. Quando Manaiakalani surge do sudeste, parece puxar o grande peixe celestial através de um mar cintilante de estrelas.
Meça a qualidade do céu com o escorpião
Embora você possa usar aplicativos de celular ou dispositivos dedicados, como um Sky Quality Meter, Escorpião é uma ótima constelação para medir a escuridão do seu céu! Em uma noite limpa, você consegue acompanhar a curva do ferrão? Consegue ver o coração do escorpião? Utilize nosso Disco de Céu Escuro gratuito, que traz as estrelas de Escorpião de um lado e de Órion do outro, para fazer medições nos meses mais frios. Você pode encontrar esse material e muitos outros no Big Astronomy Toolkit.
Este artigo foi originalmente redigido pelo Night Sky Notes da NASA, um programa do qual o Clube Centauri faz parte, recebendo mensalmente artigos científicos e realizando suas traduções para divulgação.
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