O Céu de Outubro: Celebrando o Sputink, observando planetas, chuva de meteoros e cometas!
- Clube Centauri

- 6 de out.
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Atualizado: 15 de out.
Outubro é um mês especial para a astronomia e astronautica, foi no dia 04 desse mês no ano de 1957 que a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial em órbita da Terra, o Sputinik, dando início ao que seria conhecido como a Corrida Espacial. Desde então, diversos avanços científicos e tecnológicos corroboraram para melhorias não só nas ciências espaciais mas também na condição de vida humana.

Os Planetas no Céu de Outubro
Outubro traz um espetáculo planetário diversificado para os observadores do céu! Ainda que alguns astros estejam mergulhados nos clarões do crepúsculo, outros brilham intensamente em diferentes horários da noite, proporcionando excelentes oportunidades para quem gosta de acompanhar o movimento dos planetas.
Mercúrio inicia o mês difícil de ser observado, muito baixo no horizonte oeste após o pôr do Sol, mas ganha destaque conforme os dias passam. Suas condições de observação melhoram consideravelmente, tornando-se excelentes no final do mês, quando poderá ser visto ao anoitecer, próximo ao horizonte oeste-sudoeste (OSO), na constelação de Escorpião. Com brilho constante (m = –0,2) e coloração branca, será um belo alvo para o fim das tardes.
Marte segue discreto, visível ao anoitecer, próximo ao horizonte oeste-sudoeste (OSO). Seu brilho é modesto (m ≈ +1,5) e sua cor avermelhada continua inconfundível. No início do mês, ainda oferece boas condições de observação, mas, ao longo de outubro, sua visibilidade vai diminuindo, à medida que se move de Virgem para Libra.

Vênus, o astro mais brilhante do céu antes do amanhecer, continua como estrela-d’alva, surgindo por volta das 4h50 a leste (E). Apesar do brilho intenso (m = –3,9), sua observação permanece difícil devido à proximidade com o Sol e aos clarões da aurora. Está se deslocando pelas constelações de Leão e Virgem, apresentando sua tradicional coloração levemente azulada.

O gigante Júpiter domina o céu da madrugada, nascendo cada vez mais cedo — a partir da 1h55 no início do mês e por volta da meia-noite no final de outubro. Brilhando intensamente na constelação de Gêmeos, sua magnitude chega a –2,3, oferecendo excelentes condições de observação e uma bela visão ao telescópio, com suas luas galileanas dançando em torno do planeta.

Logo após o pôr do Sol, Saturno é o destaque das primeiras horas da noite. Localizado na constelação de Aquário, o planeta dos anéis pode ser visto à meia-altura no horizonte leste-nordeste (ENE). Com brilho amarelado e magnitude variando de +0,7 a +0,9, oferece excelentes condições de observação durante todo o mês.

Mais discretos, Urano e Netuno exigem o uso de telescópios.
Urano, nas imediações do aglomerado das Plêiades na constelação de Touro, surge por volta das 22h no início de outubro, aparecendo cada vez mais cedo ao longo do mês. Com brilho estável (m = +5,6) e leve coloração esverdeada, pode ser detectado até com binóculos potentes.
Já Netuno, em Peixes, é visível ao anoitecer e alcança boa altura no céu nas horas seguintes, com excelentes condições para observação telescópica. Seu brilho discreto (m = +7,8) e coloração azulada o tornam um desafio recompensador para os observadores experientes.

🌠 Chuvas de meteoros: um espetáculo atmosférico
Outubro é um verdadeiro festival de meteoros!
Se liga nas principais chuvas desse mês.
🌌 October Camelopardalids — ativas no início do mês, com pico em 5 de outubro.
🐉 Draconídeas — atingem o auge na noite de 8 de outubro, conhecidas por suas explosões inesperadas de atividade.
🐂 Taurídeas do Sul — iluminam o céu na madrugada de 10 de outubro, com meteoros lentos e brilhantes.
🌟 δ-Aurígidas — surgem entre 11 e 12 de outubro, discretas, mas visíveis sob céus escuros.
🌌 E fechando o mês, os Orionídeos, com pico em 21 de outubro, trazem rastros deixados pelo famoso cometa Halley, cortando o céu vindos da constelação de Orion.
Dica: leve um cobertor, deite-se sob o céu escuro e observe sem telescópio — a olho nu é a melhor forma de acompanhar esses espetáculos.
Alvos de céu profundo (DSO)
Outubro é também um mês excelente para observar galáxias e aglomerados estelares.
A Galáxia de Andrômeda (M31) brilha nas noites de primavera, facilmente visível com binóculos, subindo alto no céu durante a madrugada.

Próximos a ela, destacam-se a Galáxia do Escultor (NGC 253) e o Duplo Aglomerado de Perseu, dois alvos impressionantes em telescópios modestos.

No hemisfério sul, a Pequena Nuvem de Magalhães e a NGC 300, na constelação do Escultor, estão em excelente posição para observação.

Já quem busca desafios, pode tentar localizar a Galáxia do Triângulo (M33) — mais tênue, mas belíssima.

Cometas e curiosidades do mês
O cometa C/2025 K1 (ATLAS) atinge seu periélio em 8 de outubro, aproximando-se ao máximo do Sol. Mesmo que não seja visível a olho nu, vale acompanhar sua trajetória em aplicativos de observação e imagens de astrofotógrafos.
E talvez a cereja do bolo do mês de Outubro seja o cometa C/2025 R2, conhecido como SWAN. Entre os dias 18 e 21 ele fará sua maior aproximação da Terra, chegando a apenas 0,26 unidades astronômicas — cerca de 40 milhões de quilômetros. Em termos cósmicos, é bem perto!
No dia 15 ele entra na constelação de Serpens Cauda; no dia 18, cruza a Via Láctea entre as famosas nebulosas M16 e M17; e no dia 20 chega ao ponto mais próximo da Terra, entrando em Sagitário com brilho estimado em magnitude 7.3.Isso significa que binóculos já devem ser suficientes para vê-lo — e, se as previsões mais otimistas se confirmarem, ele pode chegar até magnitude 4 e ficar visível a olho nu em locais escuros. Mas atenção: cometas são como gatos selvagens do Sistema Solar, totalmente imprevisíveis!
O SWAN vem da Nuvem de Oort, um gigantesco reservatório de cometas nos confins do Sistema Solar, que pode se estender até 200 mil vezes a distância da Terra ao Sol. Ou seja, é um visitante de longo período, mas não é um estranho total — ele já passou antes pelo Sistema Solar interno e sobreviveu. Agora, cabe a nós torcer para que ele nos brinde com um espetáculo luminoso no céu.

Outros corpos menores também movimentam o mês: Ceres em oposição no dia 2, Makemake em conjunção solar (4/10) e Eris em oposição no dia 18, todos pertencentes ao distante cinturão de Kuiper.
O Céu de Outubro - o filme
Se você é apaixonado por ciência, exploração espacial e histórias reais que mostram como a curiosidade pode mudar destinos, O Céu de Outubro (October Sky, 1999) é uma dica imperdível do Clube Centauri.
Baseado na autobiografia de Homer Hickam, o filme se passa em 1957, durante a Corrida Espacial, e começa com um momento histórico: o lançamento do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da humanidade, pela União Soviética. O evento choca o mundo e, ao mesmo tempo, acende uma faísca de inspiração no jovem Homer, que vive em uma pequena cidade mineradora dos Estados Unidos. A partir desse momento, ele decide que quer construir foguetes — algo impensável para um garoto de Coalwood, onde o destino parecia ser, inevitavelmente, a mineração.
O filme acompanha Homer e seus amigos enquanto enfrentam desafios técnicos, ceticismo da comunidade e até conflitos familiares para alcançar um objetivo ousado. E o mais impressionante? É tudo baseado em fatos reais. Homer Hickam cresceria para se tornar engenheiro da NASA, contribuindo diretamente para o programa espacial americano — que foi criado justamente no mesmo período em que se passa o filme, como resposta ao avanço soviético.
💡 Dica do Centauri: Preste atenção em como eventos históricos reais, como o voo do Sputnik e a criação da NASA, influenciam os personagens e mudam a percepção da ciência no imaginário popular. É um ótimo exemplo de como a ciência e a sociedade caminham juntas.





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