Uma missão interestelar em direção a um buraco negro? Cosmólogo acredita que é possível.
- marcocenturion
- 11 de ago.
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Atualizado: 12 de ago.
Embora extremamente desafiadora, o cosmólogo Cosimo Bambi argumenta que uma missão interestelar para enviar uma pequena espaçonave ao buraco negro mais próximo não está fora de alcance.
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Por Cell Press
Editado por Stephanie Baum, revisado por Robert Egan
Traduzido por Marco Centurion
Parece ficção científica: uma espaçonave que não pesa mais que um clipe de papel, propulsionada por um feixe de laser e disparada pelo espaço a uma fração da velocidade da luz em direção a um buraco negro, com a missão de investigar a própria estrutura do espaço-tempo e testar as leis da física. Mas, para o cosmólogo e especialista em buracos negros Cosimo Bambi, a ideia não é tão absurda assim. O seu texto original e na integra pode ser lido aqui.

“Não temos a tecnologia agora. Mas em 20 ou 30 anos, talvez tenhamos.”
diz Bambi, da Universidade Fudan, na China.
A missão depende de dois grandes desafios, encontrar um buraco negro suficientemente próximo como alvo e desenvolver sondas capazes de suportar a jornada.
O conhecimento prévio sobre a evolução das estrelas sugere que pode haver um buraco negro a apenas 20 a 25 anos-luz da Terra, mas encontrá-lo não será fácil, diz Bambi. Como os buracos negros não emitem nem refletem luz, eles são praticamente invisíveis aos telescópios. Em vez disso, os cientistas os detectam e estudam com base na maneira como influenciam estrelas vizinhas ou distorcem a luz.
“Houve novas técnicas para descobrir buracos negros. Acho razoável esperar que possamos encontrar um próximo dentro da próxima década.”
Segundo o cosmólogo.
Uma vez identificado o alvo, o próximo obstáculo é chegar até ele. As espaçonaves tradicionais, movidas a combustível químico, são grandes e lentas demais para realizar a viagem. Bambi considera que as candidatas para esta missão são as nanocrafts, sondas em escala de gramas compostas por um microchip e uma vela de luz. Lasers localizados aqui na Terra disparariam fótons contra a vela, acelerando a sonda a um terço da velocidade da luz.
Nesse ritmo, a sonda poderia alcançar um buraco negro a 20 ou 25 anos-luz em cerca de 70 anos. Os dados coletados levariam mais duas décadas para chegar à Terra, tornando a duração total da missão entre 80 e 100 anos.

Quando a sonda estivesse próxima do buraco negro, os pesquisadores poderiam realizar experimentos para responder a algumas das questões mais prementes da física hoje, que é se um buraco negro realmente possui um horizonte de eventos, o limite além do qual nem mesmo a luz consegue escapar de sua atração gravitacional. Ou perguntas como se as leis da física mudam perto de um buraco negro. Ou ainda se a teoria da relatividade geral de Einstein se mantém sob as condições mais extremas do universo.
Bambi observa que apenas os lasers custariam cerca de um trilhão de euros atualmente, e a tecnologia para criar uma nanocraft ainda não existe. Mas, dentro de 30 anos, ele acredita que os custos possam cair e a tecnologia alcançar essas ideias ousadas.
“Pode soar realmente louco, e de certo modo mais próximo da ficção científica. Mas já disseram que nunca detectaríamos ondas gravitacionais porque eram muito fracas. Conseguimos, cem anos depois. Disseram que nunca observaríamos as sombras de buracos negros. Agora, cinquenta anos depois, temos imagens de dois.”
conclui Bambi.
Artigo encontrado no site da agência de divulgação científica estadunidense Phys.org (originalmente publicado em 07/08/2025)
Link para acesso ao original: https://phys.org/news/2025-08-interstellar-mission-black-hole-astrophysicist.html




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