Paineis solares pode auxiliar na caça a asteroides!
- marcocenturion
- 5 de ago.
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“Inicialmente, será apenas uma nova ferramenta. Mas, no fim das contas, deverá ser a forma menos cara de se ampliar a detecção para os menores ou mais distantes asteroides.”
Notícia
Por Victoria Corless
Tradução Marco Centurion
Sob um céu escuro pontilhado de estrelas, cientistas dos Laboratórios Nacionais de Sandia, no Novo México, estão utilizando uma ferramenta nada convencional para a defesa planetária: heliostatos.

“Um heliostato é um espelho motorizado muito grande, com vários metros de largura, que concentra a luz solar em uma torre, como uma lupa gigante. À medida que o Sol se move pelo céu, o heliostato muda de orientação para manter o reflexo solar fixo.” explicou o cientista John Sandusky, da Sandia, ao site Space.com.
“Durante o dia, a luz solar concentrada por muitos heliostatos ferve água ou derrete sal para gerar eletricidade. Esses geradores, juntos, produzem centenas de megawatts de eletricidade para a rede elétrica.”
Completa.
Mas, segundo o cientista, os heliostatos não têm função à noite. Após o pôr do sol, esses vastos campos de espelhos permanecem ociosos, cobrindo hectares de terra sem propósito algum. “Eles simplesmente ficam lá, sem uso”, disse Sandusky em uma declaração anterior. Ele propõe reaproveitá-los para ajudar a encontrar asteroides que possam ameaçar a Terra. “Os heliostatos funcionam tão bem no escuro quanto durante o dia”.
Ele ainda completa dizendo que “concentrando a luz das estrelas à noite da mesma forma que concentram a luz solar durante o dia. Enquanto a luz solar ferve água para a rede elétrica, a luz estelar gera apenas um pequeno fluxo de eletricidade em grandes fotodiodos, que são como as células de um painel solar.”
A enorme quantidade de heliostatos já disponíveis nos EUA despertou a ideia de usá-los para detectar asteroides à noite. Objetos pouco luminosos, como pequenos asteroides próximos à Terra ou grandes mais distantes, exigem mais captação de luz para serem detectados. Em vez de deixar esses espelhos parados, o plano é colocá-los em uso produtivo com custo adicional mínimo.
“É uma oportunidade potencialmente barata de usar o que já temos. Inicialmente, será apenas uma nova ferramenta, um complemento ao conjunto de instrumentos já existente nos observatórios astronômicos. Mas, no fim das contas, deverá ser a forma menos cara de se ampliar a detecção para os menores ou mais distantes asteroides.”
disse Sandusky.

A caça a asteroides com heliostatos funciona de forma diferente da imagem tradicional feita com telescópios. Em vez de criar uma imagem mapeando onde a luz atinge cada sensor (ou pixel), o método com heliostatos ignora completamente a imagem. Ele rastreia a velocidade com que um objeto se move no céu e converte esse movimento em um sinal de frequência, semelhante ao funcionamento de um radar para detectar velocidade.
“É como ouvir um sino de vento em vez de escutar o vento soprando”, explicou Sandusky.
“Os heliostatos varrem suavemente contra as estrelas, mantendo um ritmo constante durante a noite. O fluxo de luz das estrelas produz um tom. A luz de um asteroide que se move ao longo da varredura produz um tom ligeiramente diferente, pois cada varredura encontra o asteroide em uma posição um pouco diferente em relação às estrelas.”
“A diferença de tom normalmente será muito pequena, menos de um milihertz, (o que é) muito mais fino do que nossos ouvidos conseguem perceber”, continuou ele. “Mas graças à extrema estabilidade da temporização por GPS, a eletrônica de precisão consegue resolver essa pequena diferença ao longo da noite. Quanto mais rápido o asteroide, maior a diferença de tom.”.
Sandusky já passou noites de verão testando sua ideia usando um dos 212 heliostatos da Instalação Nacional de Testes Solares Térmicos da Sandia, em Albuquerque, embora ainda não tenha tentado detectar asteroides. Até agora, o heliostato tem sido lentamente redirecionado para varrer o céu noturno de um lado para o outro, rastreando estrelas como primeiro passo do experimento.
“O obstáculo atual é o financiamento para demonstrar a escalabilidade de um heliostato para muitos e para reprogramar os controladores dos heliostatos de modo que façam varreduras contra as estrelas, em vez do horizonte. Para caçar asteroides em escala global, os diversos campos de heliostatos da Terra precisam estar sincronizados a um padrão comum de tempo, como o GPS. Também devem ser equipados com fotodiodos e outros dispositivos ópticos e eletrônicos necessários.”
Isso levará tempo, mas Sandusky já apresentou seus primeiros resultados experimentais e simulações computacionais na conferência Unconventional Imaging, Sensing, and Adaptive Optics 2024 da Sociedade de Engenheiros de Instrumentação Foto-Óptica, em San Diego. “Como esta é uma ideia não convencional, a conferência foi um bom encaixe,” disse ele.
“O próximo passo é receber críticas da comunidade científica e técnica, respondendo à publicação inicial e identificando problemas e limitações”, continuou. “Novas ideias se beneficiam de críticas construtivas. Paralelamente, buscamos financiamento para equipar os heliostatos e realizar observações regulares. Parcerias são necessárias para estabelecer limites teóricos e melhorar a fidelidade dos modelos.”
O próximo passo pode envolver o uso do heliostato para localizar um planeta conhecido, um experimento que ajudaria a revelar as capacidades e limitações da tecnologia.
Artigo encontrado no site da agência de divulgação científica estadunidense Space.com (originalmente publicado em 05/08/2025)
Link para acesso ao original: https://www.space.com/astronomy/asteroids/solar-farms-could-help-find-dangerous-asteroids-scientist-says




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