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Quais poderiam ser as “7 maravilhas” do céu noturno visível?

O que poderíamos escolher como os sete objetos celestes mais incríveis, visíveis seja a olho nu ou com pequenos telescópios?


Por Joe Rao

Traduzido por Marco Centurion


Saturno brilhando no céu noturno (Créditos da imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Tiscareno (SETI Institute), M. Hedman (University of Idaho), M. El Moutamid (Cornell University), M. Showalter (SETI Institute), L. Fletcher (University of Leicester), H. Hammel (AURA); image processing by J. DePasquale (STScI))
Saturno brilhando no céu noturno (Créditos da imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Tiscareno (SETI Institute), M. Hedman (University of Idaho), M. El Moutamid (Cornell University), M. Showalter (SETI Institute), L. Fletcher (University of Leicester), H. Hammel (AURA); image processing by J. DePasquale (STScI))

“As sete maravilhas do mundo antigo” é a primeira lista conhecida das criações mais espetaculares da antiguidade clássica que se baseia em guias populares de turistas helênicos, mas que só considera obras no entorno do Mediterrâneo e Mesopotâmia.


Lançada primeiramente em 1572, na publicação Octo Mundi Miracula, as obras são As Grandes Pirâmides de Gizé, o Colosso de Rodes, o Farol de Alexandria, o Mausoléu de Halicarnasso, o Templo de Ártemis (Diana), a Estátua de Zeus em Olímpia e os Jardins Suspensos da Babilônia. Infelizmente, o único que sobreviveu foram as Grandes Pirâmides, pois os demais itens da lista foram há muito destruídos por incêndios, terremotos e estragos causados pelo tempo ou ações humanas. O número sete foi escolhido devido à crença grega que representa perfeição e abundância, e também pois sete era o número de planetas conhecidos na antiguidade, quando o Sol e a Lua ainda eram tidos como planetas.


No céu acima de nós, existe um incontável de maravilhas. Mas quais objetos visíveis a olho nú, binóculos ou um telescópio simples, poderíamos escolher como os sete mais incríveis? A equipe do Space.com apresentou uma lista, reunindo com base na subjetividade e por consenso de astrônomos profissionais e observadores assíduos. Aqui está, portanto, uma lista com as “Sete Maravilhas do Universo”


A Face da Lua


Mosaico da face da Lua das fases crescente até minguante (Créditos da imagem: Marco Centurion)
Mosaico da face da Lua das fases crescente até minguante (Créditos da imagem: Marco Centurion)

Em sua autobiografia, “Starlight Nights: The Adventures of a Star-Gazer” (Noites Estreladas, As Aventuras de um Observador de Estrelas), o astrônomo amador Leslie C. Peltier (1900–1980) questionou por que lhe ensinaram tão pouco sobre a Lua quando era menino na escola. “Por que”, escreveu ele, “isso não foi incluído como parte do crescimento de todo jovem?” Peltier havia acabado de comprar seu primeiro telescópio com o dinheiro que ganhou colhendo morangos na fazenda dos pais (ele o chamava de “luneta dos morangos”). Seu primeiro alvo foi a Lua, que ele descreveu como “noites de descobertas e explorações”.


Peltier refletiu:

“Me ensinaram os rios, os mares, as montanhas de todos os continentes da Terra. Eu sabia as capitais de todos os estados e países do mundo. E o tempo todo, bem acima de mim, a ‘geografia’ de um mundo totalmente novo estava girando, página por página a cada noite, e ninguém havia aberto o livro para mim.”

Se tu tens um telescópio, certamente já observaste a Lua por conta própria, mas mesmo que tenhas apenas um par de binóculos, ainda é possível ver muita coisa. O astrônomo pesquisador Ernest H. Cherrington Jr. (1909–1996) escreveu que “embora um convite para explorar a Lua com binóculos possa parecer tão absurdo quanto atravessar o Oceano Pacífico com um barco de motor de popa, faz sentido.” Cherrington afirmou que, no Photographic Lunar Atlas, há 670 formações lunares nomeadas, das quais ele conseguiu ver 605 usando apenas binóculos comuns de 7x50. “As crateras nomeadas menores podem ser vistas como minúsculas manchas claras ou escuras”, observou ele, acrescentando: “Mas as crateras lunares maiores e cadeias de montanhas aparecem bem com binóculos, e com considerável detalhe.”


Então, por que não tentar tu mesmo explorar nosso vizinho mais próximo no espaço? Nosso satélite natural é realmente algo emocionante de se ver. Seja a olho nu, com binóculos ou com qualquer tipo de sistema óptico. Os melhores momentos para observar são por volta das fases de quarto crescente e minguante, pois é então, perto e ao longo da zona de fronteira entre luz e sombra no disco lunar (conhecida como “terminador”), que as sombras permitem que crateras, montanhas e fendas se destaquem com nitidez; e de algumas crateras, faixas brilhantes se estendem para fora.


Entre os sete objetos listados aqui, a Lua pertence a uma classe muito especial, sendo o corpo mais proeminente visível no céu noturno e ainda distinguido por suas taxas peculiares de rotação e revolução, que tornam possível observar apenas um lado de sua superfície.


Os Anéis de Saturno


Brilho de Saturno capturado pelo Telescópio Espacial James Webb (Créditos da imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Tiscareno (SETI Institute), M. Hedman (University of Idaho), M. El Moutamid (Cornell University), M. Showalter (SETI Institute), L. Fletcher (University of Leicester), H. Hammel (AURA); image processing by J. DePasquale (STScI))
Brilho de Saturno capturado pelo Telescópio Espacial James Webb (Créditos da imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Tiscareno (SETI Institute), M. Hedman (University of Idaho), M. El Moutamid (Cornell University), M. Showalter (SETI Institute), L. Fletcher (University of Leicester), H. Hammel (AURA); image processing by J. DePasquale (STScI))

Sem dúvida, Saturno é a joia telescópica do céu noturno, graças aos seus magníficos anéis em toda a sua cintilante elegância gelada. Em telescópios pequenos, eles surpreendem até os observadores mais experientes com sua beleza gélida.


Visualmente, a olho nu, Saturno aparece como uma estrela amarela-esbranquiçada brilhante, emitindo um brilho constante. Seu sistema de anéis, que o torna tão belo e espetacular, não pode ser visto sem auxílio. No entanto, qualquer pequeno telescópio com aumento acima de 30 vezes mostrará os anéis. Eles consistem em bilhões de partículas, em grande parte gelo d'água, que variam de minúsculos grãos microscópicos até montanhas voadoras com quilômetros de diâmetro. Cada partícula orbita Saturno em sua própria trajetória. Os antigos consideravam Saturno como o “planeta mais alto”, ocupando a esfera mais externa, ou superior, antes das estrelas fixas.


Nos tempos antigos, antes de conhecermos os planetas mais distantes Urano e Netuno, Saturno era considerado o planeta mais longínquo e de movimento mais lento. Na mitologia, o deus romano Saturno assemelhava-se bastante ao deus grego Cronos, mas é mais comumente reconhecido como o deus romano da agricultura. Seu nome está relacionado ao substantivo satus (semente) e ao verbo serere (semear). Mas por que o planeta Saturno estaria ligado à agricultura? Talvez uma pista venha dos antigos assírios, que se referiam a Saturno como lubadsagush, que traduzido significa “o mais velho dos carneiros velhos”. É possível que esse nome tenha sido atribuído porque Saturno parece se mover muito lentamente entre as estrelas; isso talvez lembrasse aos observadores do céu o passo lento dos bois de arado ou do gado.


Saturno leva 29,5 anos para orbitar o Sol, e seu progresso pelas constelações do zodíaco é lento, levando em média 2,5 anos por constelação.


Quando o tosco e imperfeito “tubo óptico” de Galileu revelou Saturno com um par estranho de apêndices ou corpos acompanhantes em cada lado, ele anunciou essa descoberta em 1610 com um anagrama escrito em latim. As letras embaralhadas podiam ser reorganizadas para ler:


Altissimum planetam tergeminum observavi (“Observei que o planeta mais alto é tríplice.”)

Somente meio século depois as lentes dos telescópios melhoraram o suficiente para que a natureza anelar desses “apêndices” se tornasse evidente.


Os anéis de Saturno ficaram alinhados de lado com a Terra nesta última primavera. Mas nos próximos anos, eles voltarão a “se abrir” lentamente em nossa direção. O dia 12 de maio de 2032 será uma ocasião bastante auspiciosa para Saturno, já que seu sistema de anéis estará aberto ao máximo, com 26,90° em relação à Terra. Os astrônomos dirão então que foi atingida a latitude “saturnocêntrica” máxima em direção à Terra. Esses extremos geralmente ocorrem em intervalos de aproximadamente 15 anos, sendo a última vez em outubro de 2017.


A Constelação de Órion


A Nébula de Órion é uma visão incrível no céu noturno (Créditos da imagem: VW Pics / Getty Images)
A Nébula de Órion é uma visão incrível no céu noturno (Créditos da imagem: VW Pics / Getty Images)

Como uma joia gigante, Órion, o Grande Caçador ou Guerreiro Celestial, é a mais brilhante e grandiosa das constelações. Três estrelas brilhantes em linha conhecidas no Brasil como "As Três Marias", no meio de um retângulo luminoso, formam o cinturão de Órion e são visíveis de todas as regiões habitadas da Terra. Ele era o mais poderoso caçador do mundo e sempre é retratado nas estrelas com seu porrete erguido na mão direita. Pendurada em sua mão esquerda levantada está a pele de um grande leão que ele matou e está brandindo diante de Touro, o Touro, que o ataca de frente.


Dentro de Órion encontramos duas estrelas imensas, Rigel e Betelgeuse, aparentemente em dois estágios completamente diferentes da vida estelar. Em Rigel (a “Perna Esquerda do Gigante”), temos uma estrela aparentemente no auge de sua vida. É uma verdadeira supergigante: uma estrela branco-azulada, intensamente brilhante e de beleza deslumbrante. Localizada a 870 anos-luz de distância, sua luminosidade estimada é cerca de 47.000 vezes maior que a do nosso Sol. Betelgeuse (“A Axila do Gigante”), em contraste, brilha com um tom avermelhado opaco e frio, situada a cerca de 550 anos-luz. É uma supergigante irregular e pulsante, aproximando-se do fim de sua vida e, como tal, se expande e contrai espasmodicamente. Incrivelmente, seu diâmetro pode atingir até mil vezes o do nosso Sol.


E por fim, há um dos objetos mais maravilhosamente belos do céu: a Grande Nebulosa de Órion. Ela pode ser vista com bons binóculos e pequenos telescópios como uma névoa brilhante acinzentada envolvendo a estrela do meio da linha que forma a espada do caçador. Em telescópios maiores, aparece como uma nuvem irregular cujo brilho é induzido por fluorescência da radiação ultravioleta intensa de quatro estrelas quentes emaranhadas em seu interior. A Nebulosa de Órion é uma vasta nuvem de gás e poeira brilhante e extremamente rarefeita, localizada a cerca de 1.350 anos-luz de distância e com cerca de 25 anos-luz de extensão (aproximadamente 20.000 vezes o diâmetro de todo o Sistema Solar). Astrofísicos agora acreditam que essa matéria nebulosa é uma incubadora estelar; o caos primordial do qual novas estrelas estão se formando neste exato momento.


A Via Láctea


O brilho da Via Láctea no céu noturno (Créditos da imagem: MARIANA SUAREZ / Getty Images)
O brilho da Via Láctea no céu noturno (Créditos da imagem: MARIANA SUAREZ / Getty Images)

Nunca visível de grandes cidades com suas luzes, fumaça e neblina (exceto em casos raros, como durante uma queda de energia), a Via Láctea ainda pode ser facilmente observada a partir de subúrbios distantes e áreas rurais. O termo “Via Láctea” é verdadeiramente antigo. Em antigos mapas estelares, essa faixa fantasmal era muitas vezes rotulada por seu equivalente em latim, Via Lactea.


Para o mesmo conceito, os gregos usavam gala e kyklos, significando “leite” e “círculo”, daí a nossa palavra “galáxia”. Povos nativos americanos viam a Via Láctea como o caminho de seus bravos guerreiros subindo ao céu, com estrelas brilhantes como Vega e Altair representando fogueiras ao longo da trilha. Essas tribos observavam o fenômeno chamado Cinturão de Gould, uma sequência de estrelas que traça o caminho da Via Láctea. Ele leva o nome do astrônomo americano Benjamin Apthorp Gould (1824–1896), que o estudou em detalhes pela primeira vez no Hemisfério Sul, onde é muito mais proeminente.


Para os observadores do Hemisfério Norte, a parte mais brilhante da Via Láctea está na constelação de Sagitário, cerca de dois quintos do caminho a partir da estrela Alnasl em direção noroeste até Theta Ophiuchi. É nesta direção que está o centro do nosso sistema galáctico, parecendo uma verdadeira nuvem de estrelas; binóculos revelam concentrações de estrelas, aglomerados, grandes lacunas aparentes como a Grande Fenda em Cisne, e mais estrelas do que se poderia imaginar. O centro da nossa galáxia está a cerca de 30 mil anos-luz de distância, na direção de Sagitário; sua borda externa está a cerca de 20 mil anos-luz na direção oposta.


Se pensarmos na Via Láctea como uma visão geral da nossa galáxia, durante o inverno estamos olhando para os “subúrbios” da nossa cidade estelar. O “centro” seria em direção a Sagitário. A direção diametralmente oposta ao “centro” está alguns graus a leste da estrela El Nath, que marca um dos chifres de Touro.


Embora grande parte da emoção em explorar a Via Láctea esteja no céu de verão, também podemos ver objetos notáveis no céu de inverno, incluindo vários belos aglomerados estelares galácticos em Auriga, Perseu e Cassiopeia. Esta é “a Nossa Galáxia”, a ser mencionada com orgulho, como quem diz: “Minha casa.” Quando começamos a perceber que havia outros agrupamentos estelares igualmente vastos, chamamo-los de “universos-ilha”, mas isso era um claro equívoco; já que a palavra “universo” significa tudo o que existe, ela dificilmente pode ter plural. Assim, adotamos “galáxias” como um novo significado para uma palavra antiga.


O Grande Aglomerado de Hércules


O Grande Aglomerado de Hércules capturado pelo Telescópio Hubble (Créditos da imagem:  NASA, ESA, and the Hubble Heritage Team (STScI/AURA); Acknowledgment: C. Bailyn (Yale University), W. Lewin (Massachusetts Institute of Technology), A. Sarajedini (University of Florida), and W. van Altena (Yale University))
O Grande Aglomerado de Hércules capturado pelo Telescópio Hubble (Créditos da imagem:  NASA, ESA, and the Hubble Heritage Team (STScI/AURA); Acknowledgment: C. Bailyn (Yale University), W. Lewin (Massachusetts Institute of Technology), A. Sarajedini (University of Florida), and W. van Altena (Yale University))

Sob céus sem Lua, podemos procurar a constelação de Hércules entre Arcturus, em Boötes, e a estrela azul brilhante Vega, em Lyra. Para alguns, Hércules se parece com uma grande letra “H”, sem estrelas realmente brilhantes. Em uma noite escura, é possível vislumbrar uma mancha nebulosa de luz em um dos braços dessa “letra”. Trata-se do famoso Grande Aglomerado Globular em Hércules, número 13 no catálogo de Charles Messier, um objeto celeste celebrado e descrito por alguns como o aglomerado globular mais magnífico visível no Hemisfério Norte.


A olho nu, o aglomerado está próximo ao limiar da visão comum. Binóculos o mostram como uma mancha nebulosa, mas seu esplendor total só se revela através de um grande telescópio. Suas bordas começam a se resolver em estrelas com um telescópio de 150 mm. Uma massa de luz cintilante, é uma esfera contendo várias centenas de milhares de estrelas, todas mais luminosas que o nosso Sol. O astrônomo Robert H. Baker (1880–1962) referiu-se a ele como “um grandioso crisântemo celeste”.


Nomeados por sua forma simétrica esférica, esses aglomerados parecem estar dispostos ao redor da nossa própria galáxia de maneira também simétrica. Uma curiosidade dessa disposição, do nosso ponto de vista, é que todos esses globulares parecem estar concentrados em metade do nosso céu. Assim, se localizarmos M13 e nos voltarmos na direção do centro da galáxia, em Sagitário, praticamente nenhum dos globulares conhecidos estará atrás de nós. O astrônomo americano Harlow Shapley (1885–1972) deduziu que os aglomerados estão distribuídos em torno de um centro que é também o centro da nossa galáxia.


A Nebulosa do Caranguejo


A Nebulosa do Caranguejo e seu brilho único (Créditos da imagem: NASA, ESA and Allison Loll/Jeff Hester (Arizona State University). Acknowledgement: Davide De Martin (ESA/Hubble))
A Nebulosa do Caranguejo e seu brilho único (Créditos da imagem: NASA, ESA and Allison Loll/Jeff Hester (Arizona State University). Acknowledgement: Davide De Martin (ESA/Hubble))

No dia 4 de julho do ano 1054 E.C., ocorreu uma explosão de proporções colossais: uma supernova. Uma estrela com pelo menos dez vezes a massa do nosso Sol explodiu repentinamente. A estrela em erupção brilhou intensamente, talvez mais de 5 bilhões de vezes mais luminosa que o nosso Sol! No rescaldo, nada restou além do núcleo intensamente quente recém exposto da estrela e de uma nuvem em expansão de detritos gasosos.


Felizmente, os habitantes da China, do Japão e do que hoje é o sudoeste dos EUA registraram cuidadosamente a posição no céu dessa explosão cósmica: cerca de dois diâmetros lunares a noroeste da estrela que conhecemos como Zeta Tauri, que marca o chifre sul de Touro. A “estrela convidada” que apareceu repentinamente podia ser vista facilmente durante o dia por 23 dias. Ela desapareceu completamente após 642 dias. A nuvem gasosa restante é popularmente conhecida como Nebulosa do Caranguejo e ainda está se expandindo em todas as direções a 1.500 km por segundo.


Em novembro de 1968, descobriu-se que o núcleo da estrela explodida é um pulsar, uma estrela de nêutrons em rotação rápida, girando a uma taxa de 30,2 vezes por segundo. Aparentemente, há um “ponto quente” na superfície da estrela, que emite energia em praticamente todas as partes do espectro eletromagnético. Assim, à medida que gira em seu eixo, parece “piscar” do nosso ponto de vista terrestre. Esse pulsar tem apenas uma fração do tamanho do nosso Sol, mas deve ser extremamente denso; o equivalente a compactar uma massa solar em um volume com apenas 30 km de diâmetro.


Se fosse possível transportar apenas uma colher de chá desse material para a Terra, ela provavelmente pesaria cerca de um bilhão de toneladas! Foi a semelhança da Nebulosa do Caranguejo com um cometa telescópico que levou Charles Messier a compilar seu famoso catálogo de objetos celestes difusos, para que não enganassem outros caçadores de cometas. A Nebulosa do Caranguejo é o primeiro item da lista e por isso é conhecida como M1.


A Galáxia de Andromeda


O brilho intenso da Galáxia de Andromeda (Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech)
O brilho intenso da Galáxia de Andromeda (Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech)

No ano 964 d.C., o astrônomo persa al-Sūfī chamou a atenção para uma “Pequena Nuvem” localizada entre as estrelas da constelação de Andrômeda, a Princesa. O astrônomo alemão Simon Marius (1573–1625) é geralmente creditado com a primeira observação telescópica desse objeto por volta do ano de 1612. Se o céu estiver limpo e sem Lua, tu podes de fato ver uma mancha difusa alongada, com cerca do comprimento do diâmetro da Lua cheia e metade de sua largura. Ainda hoje, binóculos e telescópios revelam essa “nuvem” como pouco mais que uma mancha alongada e esmaecida, que se ilumina gradualmente até um núcleo parecido com uma estrela.


Foi por isso que se pensou, inicialmente, que fosse uma nebulosa e não sem razão. Essa mancha de luz parece tão fraca e desbotada porque a luz que vemos agora viajou por aproximadamente 2.500.000 anos para nos alcançar, a uma velocidade de impressionantes 1,08 bilhão de km/h. A luz que estás vendo agora tem cerca de 25.000 séculos de idade e iniciou sua jornada por volta do surgimento da consciência humana.


Quando começou sua jornada de quase 15 quintilhões de milhas rumo à Terra, mastodontes e tigres-dente-de-sabre perambulavam por boa parte da América do Norte pré-Idade do Gelo, e os humanos pré-históricos lutavam pela sobrevivência na região que hoje conhecemos como Garganta de Olduvai, na África Oriental. A luz dessa “pequena nuvem” é, na verdade, uma galáxia: um turbilhão composto pela soma da luz de mais de um trilhão de estrelas. Ela também é listada como Messier 31, no famoso catálogo de Charles Messier. No campo de visão de binóculos grandes ou com um pequeno telescópio, talvez consigas observar também suas duas galáxias satélites vizinhas: M32, pequena e compacta; M110, maior e mais difusa, portanto, mais difícil de ver.


Então, quando saíres para observar as estrelas de Andrômeda, contempla a luz suave de sua grande galáxia. É realmente uma experiência humilde e profunda.


Joe Rao, que organizou essa lista, atua como instrutor e palestrante convidado no Planetário Hayden de Nova Iorque. Ele escreve sobre astronomia para a revista Natural History, Sky Telescope e outras publicações.



Artigo encontrado no site da agência de divulgação científica estadunidense Phys.org  (originalmente publicado em 28/07/2025)

 
 
 

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